terça-feira, 12 de janeiro de 2010

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Mariana Martins


"O ano de 2010 foi esquisito para mim, provavelmente porque havia saído do ensino médio e começado uma vida de cursinhos até passar no vestibular. Foi um ano insensato quando terminei um namoro de dois anos por situações que poderiam ser evitadas. Foi estranho ainda quando, no meu aniversário no dia 09 de Novembro não fiz algo que normalmente faço: repenso meus atos e meu modo de viver para começar um novo ciclo como uma pessoa melhor. E mais bizarro ainda quando uma semana antes do meu tão estudado vestibular eu fiquei internada por uma semana no hospital com infecção urinaria e hepatite medicamentosa.

Perdi provas em um curso de computação gráfica que frequento, passei o Natal e o Final de Ano sob uma dieta rigorosa e difícil, sem poder comer um pingo de gordura e evitando coisas industrializadas o máximo possível. Perdi 6 quilos nesse processo e só agora, na segunda semana de Janeiro, foi liberado uma alimentação mais normal, porem ainda sobre restrições e com acompanhamento medico.

Apesar de um ano evidente de mudanças e um termino um tanto terrível, foi um bom ano até seu último momento. Depois dos fogos em comemoração ao inicio de 2011, onde passei na casa de minha querida avó, lembro que dormi na casa dela e que antes de adormecer, fiz uma reza braba pra agradecer e desejar coisas para o ano novo.

Sonhei com duas coisas na madrugada do dia 1 de Janeiro de 2011. 

A primeira foi que sonhei que estava gravida.
Pelo pouco que me lembro foi de estar em um local que desconheço, a céu aberto e perto de uma dessas grades que ficam em volta de coisas com voltagens altas. Tinha uma arvore relativamente perto e acho que talvez um rio no fundo. Lembro que o céu estava nublado e que eu sabia que estava gravida de três meses, talvez.
Lembro que no sonho estava chocada e que ia avisando para algumas pessoas que conheço sobre a novidade, porem tratava o assunto como se não fosse nada demais. Devo ter falado com minha família alguns amigos. Uma amiga minha questionou alguma coisa, bem surpresa com a noticia.

Não sei que era, não vi o rosto. Lembro de ver tudo como uma câmera de TV, captando os melhores ângulos inclusive do meu eu, no sonho. A amiga parecia chocada pela minha indiferença perante ao bebê e acho que dei uma resposta tão indiferente quanto aparentava, talvez um algo como “Não tem problema, sempre quis ser mãe mesmo!”.

Mais tarde o cenário foi mudando e fui para um lugar fechado, com foco de luz na direita num tom meio amarelado. O piso era de ladrilho em forma de losango formando um desenho padronizado utilizando no total 5 deles. Um vermelho no centro, menor, e outros alaranjados, encostados nas laterais do losango central.

Nessa parte do sonho comecei a questionar minha gravidez e se realmente a queria. Lembro que comecei a querer não ter mais essa criança e por um período longo tive como verdade, no sonho, de que iria tira-lo. Foi se seguindo assim, comigo vagando por esse cómodo estranho, hora passando por lugares mais claros dele, não tenho certeza, hora não.

E por fim, o sonho acabou com uma linha de fluxo clara, começando a entrar naquele meio termo entre acordada e dormindo ao mesmo tempo.  “Mas não é contra o que acredito tirar essa criança?”, “Não é um pecado?”, ”Não vou estar indo contra a Deus fazendo isso mesmo depois de tanto esforço para me aproximar dele?”, “Não vou estar tirando uma vida?” e por fim “Não vou estar matando alguém?”. Foram esses pensamentos contra os do sonho, talvez do meu eu consciente contra o inconsciente, apesar de ate o final dele as ideias de abortar ou não o filho duelaram entre si.

Quando acordei, se é que posso chamar isso, estava ainda submersa na sensação de acordada e dormindo ao mesmo tempo, mas era tão pesada e talvez estivesse tão cansada que, assim que acordei do sonho da gravida, em segundos parti para um novo sono. Lembro que nesse despertar efêmero pensei “Credo, que sonho terrível! Não acredito que sonhei que estava gravida logo no primeiro dia do ano! É muita sacanagem! Tenho que me lembrar disso quando acordar, ah se tenho!” e apaguei.

O segundo sonho... eu não me lembro de jeito nenhum.

Lembro que sonhava ele enquanto acordava e que, quando estava verdadeiramente desperta e sentada na cama, lembrava dele sem grandes problemas, porem um pensamento de “Preciso me lembrar de algo” vagava ingenuamente na minha mente. E por fim, quando o sonho da gravida veio a mim, esqueci esse segundo."

Aqui faço uma pausa na citação dessa amiga, pois a seguir, vem uma narrativa de como ela se sentiu:

"É bem irônico começar o ano novo com esse tipo de sonho. Eu jamais iria abortar, sempre disse isso, mas depois desse sonho me veio um pensamento de que, mesmo eu tendo essa convicção, nunca passei por uma experiência de gravidez não-planejada, nunca estive na pele da gravida. E depois dele pude compreender tais sentimentos de querer abortar. Sentimentos de fingir que não se importar, ignorar o problema, depois se desesperar e quer se livrar dele... E sim, problema, via o bebe como problema. Sentimentos de que era nova demais para aquilo e que tinha um futuro enorme pela frente que seria interrompido. E sentimentos que toda garota que já teve uma gravidez precoce deve ter tido.

Conversei sobre o sonho com uma amiga e ela disse para não levar a serio, que meu inconsciente achou essa maneira de mostrar toda a minha preocupação com o vestibular, pelo medo não conseguir passar, de decidir mudar de curso e etc. O engraçado é que outra amiga, alguns meses antes, sonhou que eu estava gravida de cinco meses de um ex-namorado meu.

Independente do que minhas amigas dizem, ou se esse sonho é reflexo das últimas semanas macabras que passei no hospital ou medo do vestibular, nunca levei a serio esse sonho ao pé da letra, mas confesso que acho chocante que tenha sido logo no primeiro dia do ano aponto de começar a me questionar alguma possibilidade de ser um aviso. De qualquer forma, vou tomar bastante cuidado em 2011."
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O objetivo do blog é fazer um tipo de arquivo onde apenas o meu inconsciente - e agora o de amigos também - se manifesta, em uma narrativa em primeira pessoa.

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