Eu estava sozinha em casa e tinha uma mulher gritando aqui na frente. Fui atendê-la e ela tinha uma raposa jovem, de uns oito meses, fêmea, junto com um filhotinho de cachorro de dois ou três. Ela me explicou que eram inseparáveis, que a raposa cuidava do outro. Aceitei quase de imediato ficar com o casal.
Numa tarde, os dois estavam correndo pela casa, brincando, quando eu disse pra minha mãe:
- eles vão cair da sacada.
Não deu outra, o filhotinho tropeçou e caiu enquanto a raposa, que vinha atrás, escorregou e foi junto. Sai desesperada, afinal, a minha mãe mal deixa eu adotar eles e eu já dou o gasto de uma provável cirurgia?
A raposa e o filhote tinham deslocado a pata direita traseira na altura da bacia. A raposa ainda parecia disposta a brincar, mas o bebê deitou no sofá e ficou. Era clarinho, peludinho, todo mimosinho. No diminutivo, mesmo. Considerando que a raposa era uma raposa, eu achei ela bem alta.
Lembro de levar eles pro colégio, porque eu ia ter que apresentar algo e tinha esquecido completamente disso. O colégio permitiu.
Era algo relacionado a uma peça. Então arrumei e organizei tudo como deveria ser, me explicaram como funcionava - havia um quadro negro e cada linha representava uma apresentação, tendo os devidos dados. Fomos pra cantina.
Havia uma loja na frente da cantina, e todos do colégio estavam ali, à frente. Tinha uma caixa branca e retangular com vários hamburgeres congelados de microondas e uma fila pra usar o microondas. Furei a fila e coloquei o meu. A minha colega estava atrás e eu ofereci colocar o dela, ela aceitou e foi o que eu fiz.
Entreguei o hamburger pra ela e sentei pra comer o meu, pensando na maldade que eu estava fazendo com o cãozinho e a raposa, deixando-os presos.
Quando essa minha colega e o bando dela saíram de perto de mim, eu vi uma delas fofocando e me observando. Terminei de comer e voltei às minhas atividades. Nessa confusão toda, descobri que o nome da raposa era Mayu.
Perguntei se podia levá-los pra casa e foi o que eu fiz. Cheguei em casa e havia uma carta - era um convite.
Deixei o cachorrinho com o meu pai e sai com a Mayu. O homem que me convidou havia convidado outras pessoas e possuía um gato. O gato correu atrás da raposa, até que eu pensei:
- eles vão cair pela janela.
Cairam. O gato pulou de volta, mas a Mayu não conseguiu. Pedi pra ficarem com ela por mim, quando descesse a pegaria.
Havia uma mesa redonda e o lugar era mal iluminado. Quando todos chegaram, eu sentei ao lado de uma menina oriental. Ela não falava nosso idioma. Cumprimentei ela em japonês e começamos a jogar cartas, até que quatro homens chegaram.
Levantei e os cumprimentei em koreano, me chamaram de grosseira.
As pessoas que perdiam, sumiam. Comecei a desconfiar quando sobraram apenas eu e a japinha. Então, eu perdi. Nisso, o homem de capa preta me levou para os fundos. Foi aí que eu descobri que ele era um vampiro.
Eu fiz de tudo: tentei jogá-lo pela janela, quebrei coisas nele... nada adiantava, naturalmente.
Até que consegui sair do apartamento, depois de derrubá-lo das escadas.
Fui até o apartamento da frente, que estava sendo reformado - ou seja, estava um troço, uma bagunça só - e encontrei o meu irmão.
Me escondi num roupeiro que tinha, com cortinas ao invés de portas. Lembrei que ele podia matar meu irmão e mandei ele se esconder comigo. Meu irmão fez o maior fiasco, chorou, ficou de cabeça pra fora, fez barulho, enfim.
Nesse momento ele entrou no apartamento e eu ouvi ele lançando um "Avada Kedavra" num armarinho ali perto e lembrei imediatamente de Harry Potter. Mas ele era um vampiro!
Enquanto ele se aproximava devido a cabeça do meu irmão, eu pensei que eu não tinha uma varinha e então tirei qualquer coisa que lembrasse uma daquele roupeiro velho e encardido e quando ele abriu a cortina, gritei: "Expeliarmus". Puxei meu irmão e sai correndo, paramos de costas pra janela. Até torci pra podermos pular, mas era alto demais. Quebraríamos uma perna ou um braço. Quando me virei ele tentou me matar novamente com um Avada Kedavra e eu desvencilhei, enquanto pensava em outro feitiço pra responder. E ele me empurrou pela janela. Me agarrei ao poste de pvc, que era a coisa mais próxima e vi uma mulher gorda perguntando se era a brincadeira de sempre, se eu tinha colocado as redes. Respondi que não e ela mandou os filhos e os amigos dos filhos buscarem.
Mas o cano era de pvc e eu ia escorregar em algum momento.
O vampiro-bruxo foi embora e deixou meu irmão, que não conseguia me alcançar.
Assim que chegaram e montaram as redes, eu pulei.
Nota: não sou fã de Harry Potter.